Espaço do Céu - Astrologia
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Celisa Beranger
Dois Raros Eventos Celestes em 2012 e seus Reflexos para a Humanidade
Autor(a):
Celisa Beranger
em
18 de novembro de 2011
PASSAGEM OU TRÂNSITO DE VÊNUS
Em termos Astronômicos.
No dia 05 de junho de 2012 ocorrerá um fenômeno raro no céu. Vênus, planeta do amor e da beleza, arquétipo do feminino, poderá ser visto ao percorrer o disco do Sol. Este fenômeno astronomicamente denominado “trânsito”, ou “passagem” tem um ciclo regular de 04 trânsitos em 243 anos. Os intervalos entre eles são irregulares e em espaços de tempo alternativamente curtos e longos. Os curtos, designados como “pares”, são de oito anos e os longos de 121,5 ou 105,5 anos. O trânsito de 2012, por sinal o último do século (o próximo será em 2117), é o par do trânsito de 08 de junho de 2004.
O trânsito de 2012 será visível na maior parte do mundo, mas desta vez o Brasil não terá este privilégio. A melhor observação será no Havaí.
O intervalo curto de 8 anos deve-se ao fato de os eventos de Vênus com relação ao Sol – conjunções inferiores ou superiores – ou a Terra – estacionamentos – quando marcados nos no zodíaco, em termos de signo (não de graus) formarem um pentagrama, ou melhor, uma estrela de cinco pontas O trânsito de 2012 fecha mais uma destas estrelas.
Em termos astronômicos o movimento de Vênus forma uma bela rosácea.
Um “trânsito” astronômico ocorre apenas com planetas de órbita interior, Mercúrio e Vênus.
Sempre próximos ao Sol, estes planetas fazem apenas conjunções que são de dois tipos:
inferiores, quando retrógrados e mais próximos da Terra, e superiores, quando em movimento direto estão mais distantes de nós.
“Trânsitos” são conjunções inferiores especiais, quando no alinhamento Terra – Mercúrio ou Vênus – Sol, o planeta está muito próximo a um de seus nodos. Nodos são os pontos de encontro do plano da órbita do planeta com o plano da eclíptica.
Embora a Astrologia pessoal utilize apenas os nodos da Lua, todos os planetas possuem nodos utilizados na Astrologia Mundial.
Nos “trânsitos” ocorre a mesma condição dos eclipses do Sol ou da Lua, quando os dois luminares estão próximos aos nodos da Lua. Por este motivo os trânsitos dos planetas interiores também são designados como “mini-eclipses”.
A inclinação das órbitas de Mercúrio ou Vênus com relação à eclíptica, mesmo a de Vênus sendo apenas 3º24’, impede que todas as conjunções inferiores sejam “trânsitos”.
Os nodos dos planetas se movem muito lentamente e há dois mil anos os de Vênus estão na polaridade Gêmeos – Sagitário, atualmente no grau 16. Por este motivo os trânsitos de Vênus ocorrem sempre no início de junho ou dezembro, quando o Sol alcança um dos nodos do planeta.
Apenas os “trânsitos” de Vênus são raros e podem não acontecer em um dado século, como foi o caso do século XX. Os de Mercúrio são comuns e ocorrem 13 ou 14 vezes em cada século. No nosso século já aconteceram dois, em 2003 e 2006.
Em termos astrológicos, nos “trânsitos”, além da conjunção na eclíptica, o planeta forma com o Sol outra relação, um paralelo, além de estar na mesma longitude o planeta também está na mesma declinação do Sol. Com relação à passagem pelo disco solar, como em todos os pares, Vênus percorrerá o hemisfério superior, enquanto no de 2004 percorreu o hemisfério inferior. O trânsito dura entre 05 e 06 horas e é demarcado por quatro contatos de Vênus com as extremidades do disco do Sol.
História e Fama
O francês Camille Flamarion afirmou que os babilônios observaram o trânsito de Vênus e outros autores dizem que astecas e maias também o viram. Contudo, comprovadamente, foi o alemão Johannes Kepler, famoso astrônomo também astrólogo, que anunciou, em seu livro de 1626, Admonitiuncula ad curiosos rerum coelestium, a ocorrência de trânsitos de Mercúrio em 07/11 e de Vênus em 06/12 do ano de 1631. Porém, Kepler avisou que talvez o trânsito de Vênus não fosse visível na Europa.
Kepler não viveu para comprovar o que previu, mas o astrônomo francês Pierre Gassendi viu o trânsito de Mercúrio, como Kepler avisou, não conseguiu ver o de Vênus.
O par do trânsito de 1631, em 04 de dezembro de 1639, não foi previsto por Kepler, mas ele foi localizado e visto pelo inglês Jeremiah Horrocks que avisou ao amigo William Crabtree e os dois foram os únicos a observarem o evento. Horrocks escreveu a respeito da raridade do “trânsito” e deu origem a uma longa história.
A fama dos “trânsitos” de Vênus e, sua inserção na história da humanidade, deveu-se à utilização de sua observação nos séculos XVIII e XIX para determinar a distância da Terra ao Sol.
Em 1716, a partir da idéia do colega e compatriota James Gregory, o astrônomo inglês Edmund Halley sugeriu a observação e registro do próximo trânsito de Vênus, em 05 de junho de 1761, de locais da Terra muito distantes, para determinar a distância da Terra ao Sol.
O método de Halley consistia em medir os instantes dos contatos de Vênus com os bordos do Sol de modo a poder determinar o intervalo de tempo entre a entrada e a saída, denominado paralaxe. O método sugerido era vantajoso porque não demandava aparelhos óticos especiais inexistentes na época.
A determinação da distância da Terra ao Sol era importante por si mesma e também porque a partir dela, em função dos períodos de revolução dos demais planetas, seria possível determinar suas distâncias com relação ao Sol.
Halley não viveu para observar o trânsito, mas sua sugestão inspirou outros de tal modo que se tornou uma das obsessões científicas do século XVIII. Diversas expedições foram organizadas para observação do trânsito de 1761, porém, por motivos diversos, todas foram mal sucedidas.Neste trânsito ocorreu um fato curioso. O russo Mikhail Lomonosov observou o trânsito de sua casa, em St Petersburgo, ao ver um fino brilho em torno do ponto preto de Vênus ao entrar e sair do disco do Sol, descobriu que o planeta tinha uma atmosfera e previu que ela seria bem mais espessa que a da Terra. Lomonosov escreveu a respeito, mas sua descoberta só foi conhecida fora da Rússia em 1910.
Nesta ocasião, o inglês William Hershel, descobridor de Urano, já tinha os louros de ter avistado a atmosfera de Vênus.
O insucesso das expedições de 1761 motivou um número ainda maior para a observação do par do trânsito, em de 03/06/1769, e desta vez a maioria alcançou o objetivo. Os resultados levaram a uma primeira aproximação da distância Terra – Sol, 153.400.000 km.
O interesse do século XVIII estendeu-se ao século XIX e deu origem à primeira mobilização mundial para expedições científicas. Foram preparados diversos projetos internacionais para a observação do par de trânsitos de 09/12/1874 e 02/12/1882. A ocorrência destes projetos foi propulsora para o desenvolvimento de diversos instrumentos óticos.
O trânsito de 1874 foi o primeiro a ser ter alguma divulgação pública. A comprovação é o desenho inserido na revista inglesa Punch, de 17/12/1874, 08 dias após o trânsito.
Vênus intercepta o Sol e lidera uma parada internacional de deusas e mulheres frente a um grupo de deuses e heróis do Olimpo, enquanto uma floresta de telescópios as observa da Terra.
No trânsito de 1882, o Brasil participou pela primeira vez de um grande empreendimento internacional. Graças à insistência do Imperador Pedro II, um admirador das ciências, que apesar de muito criticado por causa dos gastos, investiu em três postos de observação: Olinda em Pernambuco, Saint Thomas nas Antilhas e Punta Arenas, no Chile.
Mas o investimento valeu a pena. O resultado da missão brasileira no posto de observação do Chile, chefiada pelo astrônomo Luis Cruls, foi considerado um dos mais precisos. Em Olinda, na Sé, há um pequeno marco da observação.
O resultado obtido em 1882, 149.400.000 km, chegou muito perto da distância precisa determinada em 1967, 149.597.870 km (obtida com o apoio de outro tipo de observação) que corresponde à Unidade Astronômica (UA), utilizada em todas as medidas no Universo.O bom resultado obtido em 1882 aumentou o prestígio das sociedades científicas e promoveu seu desenvolvimento. Para marcar a importância do par de trânsitos o Instituto da França mandou cunhar uma medalha com a seguinte inscrição:
“Por seu encontro, os astros nos fazem conhecer as distâncias que os separam”.
Além do mais, o trânsito foi imortalizado na linda pintura de Edmund-Louis Dupain em um dos tetos do Observatório de Paris.
Em termos Astrológicos
Apesar de o “trânsito” de 1874 ter tido alguma divulgação publica, o trânsito de 2004 foi o primeiro a ser amplamente divulgado e maciçamente observado pelo público.
O “trânsito” foi visível em quase todo o Brasil, mas infelizmente no Rio de Janeiro o dia amanheceu nublado e frustrou o grupo que levamos ao Arpoador para ver o Sol nascer com Vênus em seu disco. De qualquer modo o trânsito foi amplamente divulgado por todos os canais de televisão e alguns nos proporcionaram a oportunidade de divulgar seu significado astrológico e astronômico.Como vimos, para a astronomia a passagem de Vênus pelo disco do Sol está marcada na história da humanidade, porém astrologicamente ainda existem muito poucos estudos. Em 2004 encontramos apenas um estudo de Nancy Fenn e até agora encontramos apenas mais meia dúzia de estudos.
Porém este número deverá aumentar: em maio de 2012 haverá um grande congresso nos Estados Unidos, com a participação de mais de 160 astrólogos, cujo tema é “Vênus em Destaque, do Centro da Galáxia para New Orleans”.
Mitologia
Na Babilônia a deusa do amor era Ishtar, na Grécia Afrodite e em Roma Vênus, a deusa do amor e da beleza. O planeta aparentemente belo e com intenso brilho recebeu o nome latino da deusa, a imagem eterna do feminino,representando a mulher em toda sua graça e beleza. O símbolo do planeta é o mesmo que representa o feminino.
Interpretação Astrológica
Coletivamente a passagem de Vênus pelo disco do Sol ressalta o feminino, a mulher, o amor e a beleza. Revigora também as qualidades de Vênus: União e amor em todas as formas. Afeto, ternura, receptividade, sensibilidade, amabilidade, delicadeza, cooperação e sociabilidade. Beleza, prazer e arte.
Em nossas pesquisas para o “trânsito” de 2004 constatamos que a condição mais visível nestes trânsitos é promover força e vigor no que se refere à expressão e participação das mulheres no mundo. (Lembramos a parada liderada por Vênus)Nestas pesquisas já havíamos constatado a entrada de mulheres para a história devido a fatos marcantes ocorridos em ocasiões próximas às datas dos “trânsitos” de Vênus. Alguns exemplos:
No século XVIII Catarina, a Grande Czarina da Rússia, uma das figuras mais poderosas da história sucedeu o marido em 1762, um ano após o trânsito. Conhecida como déspota esclarecida fundou a Academia de Ciências e estimulou as artes.
No século XIX, a enfermeira inglesa Florence Nightingale entrou para a história por ter reduzido drasticamente a mortalidade nos hospitais ingleses.
No Brasil a Princesa Isabel, a “Redentora”, três vezes regente, assinou a Lei do Ventre Livre em 1881 e depois a Lei Áurea. A talentosa musicista Chiquinha Gonzaga marcou não apenas por sua música, mas também por sua independência, rara nas mulheres de sua época.
Um fato relevante marcou o trânsito de 2004. Pela primeira vez na história das Olimpíadas a presidente do comitê organizador era uma mulher, a Prefeita de Atenas e a Ministra dos esportes também eram mulheres. Por este motivo as olimpíadas da Grécia foram designadas como “As Olimpíadas das Mulheres de Atenas”. Além do mais, também houve uma grande participação de voluntárias na organização e um considerável aumento da participação de atletas femininas, inclusive no que se refere ao Brasil.
É inegável e notável o aumento e destaque da participação das mulheres no mundo nos últimos 08 anos. Na America do Sul três presidentes foram eleitas: Michele Bachler no Chile, Dilma Rousseff no Brasil e na Argentina, Cristina Kirchner, acaba de ser reeleita no primeiro turno, fato inédito desde o retorno da democracia.
Na Europa a premier Angela Merkel, da Alemanha, já é designada como premier da Europa.
Nos EUA Hilary Clinton e antes Condolezza Rice.
Pela primeira vez a diretora do FMI é uma mulher, a francesa Christine Lagarde.
Para terminar esta relação três mulheres dividiram o premio Nobel da Paz em outubro passado, uma delas a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.
Em outubro ocorreu também a mudança nas regras de sucessão ao trono da Inglaterra acabando com a primazia masculina, acompanhando o que já haviam feito Bélgica, Dinamarca, Suécia e Holanda.
Os trânsitos de Vênus também são marcantes no que se refere à arte. No ano do trânsito de 1874, em Paris, ocorreu a primeira exposição coletiva dos artistas renovadores, que não eram aceitos nos salões de arte, liderados por Claude Monet. Um jornalista os qualificou de “Impressionistas” em função dos quadros de Monet: Impressão Sol e Nascente e Sol Poente. Sem dúvida uma grande e valorizada inovação.
O trânsito de 2004 trouxe uma nona inovação, as obras dos grafiteiros, artistas de rua, foram parar nas galerias e se tornaram obras de arte.
Outra questão que observamos ter sido ressaltada pelo trânsito de 2004 foi o interesse e preocupação com a beleza. E não só no que se refere às mulheres, pois muitos homens aderiram. Na medicina o ramo da dermatologia cresceu muito e levou à descoberta de novas substâncias e tratamentos que promovam beleza sem cirurgia. Também a indústria de equipamentos tecnológicos e de cosméticos constantemente cria novos produtos para atender a uma crescente demanda.
Netuno em Peixes
A passagem de Netuno por Peixes (03/02/2012 a 29/03/2025 – 22/10/2025 a 25/01/2026) irá reforçar o trânsito de Vênus e ressaltar algumas de suas boas qualidades: sensibilidade, receptividade, atenção para com os outros, amabilidade, compreensão e também no que se refere a beleza e a arte.
Qualidades e Defeitos – Beleza Aparente do Planeta
Apesar de louvada e cantada em prosa e verso a beleza do planeta Vênus é aparente. As espessas nuvens previstas pelo russo Lomonosov promovem seu cintilante brilho, dando-lhe o elevado poder de reflexo da luz do Sol, porém são perigosamente tóxicas – compostas de dióxido de carbono – e muito quentes – a temperatura atinge 460°. A beleza das nuvens esconde a feiúra do planeta, crivado de crateras de impacto. De qualquer modo, desde a Babilônia passando pelo Egito, Grécia e Roma, em termos de visibilidade, matutina ou vespertina, Vênus apresenta duas condições e designações diferentes.
Phosphóros grego e Lúcifer romano – a que traz a luz ou estrela da manhã. No Brasil a Estrela D’Alva da canção de Noel Rosa e João de Barros.
A Vênus matutina aparece antes e atrevidamente cintila como o arauto do Sol, por isto é considerada mais audaciosa e brava.
Héspero ou Vésper – estrela vespertina, que aparece após o pôr do Sol. É a sedutora que induz as pessoas a se recolherem e irem para a cama.
Na mitologia também Vênus possui epítetos que a qualificam de modo diverso.
Citamos dois exemplos: Pandemos, a popular e vulgar e Urania, a celestial, deusa dos céus, da Astrologia e da Astronomia.
Em termos astrológicos os planetas possuem qualidades e defeitos em função de suas condições celestes, signos e aspectos. Na ocasião do trânsito de 05 de junho de 2012, Marte em 16º de Virgem, estará em quadratura com Sol e Vênus em 15º de Gêmeos. Por este motivo alguns defeitos nada bons poderão ser ressaltados: insensibilidade, grosseria, vaidade, futilidade, luxúria, prazer a qualquer preço, insaciabilidade, possessividade e ciúme.
Vênus Pandemos, Netuno em Peixes e uma interpretação curiosa
Pandemia tem como origem pan+demos+ia
Esperamos que o lado Pandemos de Vênus não se junte à possibilidade negativa de Netuno em Peixes para produzir uma epidemia, como prevê Theodore White, nosso colega americano que afirma que a cauda de plasma de Vênus alcançará a Terra.
Como utilizar pessoalmente o trânsito
Devemos observar a maneira como estamos expressando e honrando o princípio feminino de modo a enfatizar as qualidades de Vênus, tanto nas relações pessoais como nas sociais e coletivas.
Atenção, sensibilidade, amabilidade, tolerância, consideração e compreensão promovem harmonia e boas interações. Desta forma podemos contribuir para que os inseguros tempos atuais, de tensões, revoltas e protestos possam ser vivenciados em melhores condições.Vênus também representa nossos gostos, escolhas, e a capacidade para tomar a vida prazerosa. Podemos examinar como andam nossos desejos e nossas escolhas de modo a tornar a vida a mais agradável possível.
ALINHAMENTO GALÁCTICO
Parece que a humanidade tem certa obsessão com relação ao fim do mundo e com relativa frequência surge a divulgação de catástrofes muito pouco prováveis, mas que preocupam e interessam um grande número de pessoas.O famoso eclipse de agosto de 1999, interpretado com relação a uma centúria de Nostradamus, ameaçou o fim do mundo, Há dois anos o Grande Colisor de Hádrons ao ser ligado criaria um crescente buraco no lago de Genebra que destruiria a Terra. No que se refere a 2012 a interpretação do fim de um ciclo do calendário maia deu margem a uma série previsões de fim a partir de certo alinhamento galáctico.
Em outubro de 2010 a revista Scientific America – Brasil dedicou o número à questão do “fim”. Michael Moyer, editor da revista, reconheceu em seu artigo que alguns dos mais fervorosos e convincentes pregadores do fim são cientistas, contudo, lembrou que a ciência também oferece algumas explicações sobre a razão dos temores com relação ao medo do fim.
Alguns pesquisadores pensam que o medo do apocalipse alimenta a ansiedade coletiva em relação aos acontecimentos fora do controle individual. Outros consideram que o medo do fim reflete o medo mais fundamental de todos: o medo da morte, que apesar de inexorável é frequentemente deixado de lado. A possibilidade de fim do mundo obriga o contato com o fim inexorável para qualquer indivíduo.Vejamos agora a questão da previsão para 2012.
Em 29 de março passado o antropólogo mexicano José Luís Romero apresentou na cidade de Tabasco uma pedra que teria dado origem à informação de fim do mundo. Romero afirmou que a pedra não contém nenhuma indicação de fim do mundo. A data de 23 de dezembro de 2012 apenas anuncia o fim de um ciclo numérico e o início de uma nova era.
Porém a pedra não é a principal fonte citada como base para o fim.
A fonte é o códice de Dresden, um dos quatro textos que sobreviveram aos antigos maias. O pergaminho é um calendário detalhado que também contém previsões de eclipses solares e lunares, efemérides de Venus, o planeta mais importante para os maias, e também de Marte.O códice termina em dezembro de 2012 e, segundo dizem, marca três eventos importantes no ano: dois eclipses – um deles considerando como o trânsito de Vênus e o eclipse total do Sol de novembro – e o nascimento do Sol do solstício em um local denominado “fenda escura”, uma nuvem no centro da grande nebulosa Via Láctea, que deu nome à nossa galáxia.
Porém o verdadeiro motivo da questão 2012 foi o livro Maya cosmogenesis 2012, editado em 1998 de autoria de John Major Jenkins, que se apresenta como um estudioso maia independente. Em meados dos anos 90, Jenkins concluiu que a indicação do calendário maia com relação ao nascimento do Sol no solstício promoveria um alinhamento galáctico raro que estaria relacionado ao ciclo de aproximadamente 26.000 anos da precessão dos equinócios.
Vejamos o resumo da descrição do alinhamento.
No nível Galáctico, o equador da Via Láctea, à semelhança do equador da Terra, é uma linha divisória do efeito de campo. Como acontece com um pião magnético girando, os efeitos de campo em um dos lados são diferentes um do outro, e as constelações dos maias apresentam a idéia e que a reversão de um efeito de campo ocorre quando o meridiano do solstício passa por cima dessa linha.
Jenkins explica que no solstício haverá uma interseção do plano da eclíptica com o equador da galáxia. Porém em outra citação afirma que haverá um alinhamento do Sol com o centro da galáxia, o que não é a mesma coisa, pois o equador é uma linha e o cruzamento poderia ocorrer em qualquer ponto desta linha, não obrigatoriamente no centro. De qualquer modo Jenkins afirma que esta questão era percebida pelos maias como uma mudança de posição do Sol com relação às constelações.
Quem conhece um pouco de mecânica celeste percebe que a base da teoria de Jenkins é no mínimo estranha, porém muitos autores se interessaram pelo tema, inclusive cientistas, e além de livros foi feito um filme e diversos documentários com previsões apocalípticas em sua grande maioria.
Embora sem qualquer sentido real é possível entender o porquê das interpretações apocalípticas com relação à destrutividade do centro da galáxia.
Desde o século XX, a grande maioria dos astrônomos admite a hipótese da existência de um buraco negro no centro da galáxia. Um buraco negro é uma região de altíssima densidade e força gravitacional que emite intensa energia.
Uma das previsões afirma que o raro alinhamento Terra – Sol – Centro da Galáxia será dramático porque provocará a emissão de uma intensa energia da galáxia em direção ao Sol e nossa estrela emitirá uma bola de fogo em direção à Terra que provocará danos irreversíveis.
Não há nenhuma prova da emissão do centro da galáxia com relação ao Sol, uma dentre as centenas de bilhões de estrelas da Via Láctea, situada em um dos braços da espiral bem distante do centro, 30.000 anos luz (1 ano luz = 9 bilhões e 460 trilhões km).
Na verdade existem um equador e um centro galácticos. Há algumas décadas a União Internacional de Astronomia (UIA) estabeleceu um sistema de coordenadas para nossa galáxia de modo a obter precisão nas posições quando questões da galáxia estivessem em discussão. Foi então definida uma linha central, o equador galáctico, e um ponto central, o centro da Galáxia.
Em termos de Astrologia Mundial o centro da galáxia corresponde à projeção na eclíptica do ponto estabelecido como centro pela UIA. Atualmente a projeção está por volta de 26º 20’ de Sagitário e, sendo assim, anualmente, três ou quatro dias antes do solstício de verão do Hemisfério Sul, o Sol faz conjunção com a projeção do centro da galáxia.
O centro da Galáxia astrológico é móvel e avança 50” por ano, em função da precessão dos equinócios, como ocorre com as estrelas fixas projetadas na eclíptica. Considerando este avanço, dentro de duzentos e tantos anos ele alcançará o grau 0 de Capricórnio, ponto do solstício e quando o Sol estiver lá haverá a conjunção com o centro da galáxia. De qualquer modo, apesar de não considerar que haja nada de especial nisto, não estaremos na Terra para constatar.
No que se refere à interseção do equador da galáxia com a eclíptica, ela ocorre durante alguns anos e o mais exato foi em 1998, afirmam a física Holly Gilbert da NASA e os astrólogos Alison Chestrer-Lambert da Inglaterra e Bruce Scofiled dos EUA. Aliás, é importante ressaltar, que Scofield fez uma pesquisa do calendário Maia visando sua integração com os princípios da astrologia ocidental e encontrou uma relação com os ciclos de Júpiter e Saturno.
De qualquer modo, não tendo encontrado nenhuma explicação plausível para a ocorrência de um alinhamento especial decidimos consultar alguns astrônomos e o conhecido Ronaldo Mourão afirmou ser unânime a opinião de que não há nenhum alinhamento especial.John Major Jenkins, que deu origem a toda a história, escreveu um novo livro, 2012 A História, no qual relata todos os acontecimentos desde a publicação de seu Maya cosmogenesis 2012 para explicar como a mídia e outros autores, utilizaram suas informações para levar o tema 2012 em direções estranhas. É curioso, mas uma das poucas pessoas citadas positivamente por Jenkins é o astrólogo Bruce Scofield.
Jenkins explica que o fim do Conta Longa, nome dado ao calendário, não era considerado pelos maias como um apocalipse dramático, mas sim como um processo de transformação e renovação espiritual. De qualquer modo a posição atual de Jenkins é que a data final de 2012 deve ser pensada como indicativa de um período que se estenderá ao longo de décadas.
Para finalizar esta questão cito o astrólogo Bob Makransky, que mora na Guatemala, possui relação com sacerdotes maias, e afirma que o final do Conta Longa de 5.000 anos não tem nenhum significado especial.Mapa do Solstício de 2012
De qualquer modo decidimos observar o mapa do solstício de 21/12/2012 de modo a verificar se ele contém algo especial.
Embora a quadratura do Sol com Urano, em 4º de Áries, ainda possa ser considerada, ela é bem menos relevante que a do solstício de dezembro de 2011, no qual Urano no grau 0 repete a posição no equinócio de março que sem dúvida trará imprevistos e surpresas. Contudo, encontramos um yod no grau 8 envolvendo Júpiter em Gêmeos, Saturno em Escorpião e Plutão em Capricórnio. Esta figura, também conhecida como o dedo de deus, costuma indicar situações fora de controle, nas quais o resultado costumar ser diferente do esperado.
Em nossas pesquisas a respeito do Solstício de 2012 nos deparamos com o trabalho do astrólogo romeno Dan Ciubotaru que ressalta a importância do yod do solstício afirmando que nos últimos 400 anos ele só ocorreu uma vez, em maio de 1989.
Ciubotaru lembra que a partir do yod de 1989 ocorreram grandes mudanças políticas, como foi o caso da queda do muro de Berlim (09/11/1989) e a partir de então o mundo começou a ser redesenhado.
Porém, no yod de 1989 observamos que Netuno, em conjunção a Saturno, participava dissolvendo barreiras. Além do mais, havia a presença de um terceiro planeta em Capricórnio, Urano. A presença de Saturno, Urano e Netuno em Capricórnio, por si só, já indicava uma grande reforma na configuração mundial e o nascimento de novas nações.
De qualquer modo, na opinião de Dan Ciubotaru, Júpiter como focal do yod ampliou as mudanças necessárias indicadas pelo sextil Saturno/Plutão, e forçou um novo caminho novo tirando as mudanças do controle desejado pelos dois.
Ciubotaru faz a relação do yod de 2012 com o de 1989 afirmando que aquele espelha este e, em termos de política global, o novo yod pode promover o mesmo tipo de eventos, atuando como alavanca para uma série de acontecimentos políticos que reformarão o mundo.
Não concordamos com a importância dada por Ciubotaru ao yod porque a figura do solstício faz parte de um contexto de vários anos, previsto com antecedência em termos de astrologia mundial. Um tempo extremamente marcante na história da humanidade. Um período de crises e grandes mudanças em termos econômicos, políticos e sociais que vem se desenvolvendo no clima cardinal desde a entrada de Plutão em Capricórnio, em 2008, incluiu a quadratura T de 2010 e tem seguimento com a quadratura Urano/Plutão.
Este período terminará em 2020, com a aproximação de Júpiter, Saturno e Plutão em Capricórnio e a mudança de elemento, de terra para ar, do ciclo de conjunções Júpiter-Saturno. Estes eventos deverão marcar uma grande mutação para a humanidade.
Conclusão
Conhecendo Astrologia Mundial não precisamos do calendário maia ou de qualquer outra indicação para saber que a humanidade vive tempos incertos e perigosos, como se todo o tempo estivéssemos à beira de um precipício.
Porém, confiando na pesquisa de Dan Ciubotaru com relação à raridade da figura, ela pode ser considerada como o segundo evento celeste raro em 2012.
Bibliografia
Trânsito de Vênus
Maor, Eli – June 8,2004 Venus in Transit
Massey, Anne – Venus Her Cycles, Symbols & Myths
Moore, Angela – In Love with Venus
Sullivan Erin – Los Planetas Retrógrados
Revista Scientific American Brasil – maio 2004
Revista Sky and Telescope – Fevereiro, Maio, Junho, Outubro e Novembro 2004 e Outubro 2005
Revista Scientific American Brasil – Maio 2004
Alinhamento Galáctico
Jenkins. John Major – Maya Cosmogenesis 2012 e 2012 A História
Mourão, Ronaldo Rogério – Anuário de Astronomia 2004
Revista Mountain Astrologer – Out/Nov 2010 e Dez/Jan 2012
Revista Scientific American Brasil – Outubro 2010
Revista Sky and Telescope – Abril 2003
Revista The Astrological Journal – Jul/Ago 2010 e Set/out 2011
Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2011
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